O mundo do trabalho está sendo transformado mais rapidamente e mais profundamente do que nunca por mudanças demográficas e tecnológicas, a crescente desigualdade, a pobreza e a lenta recuperação econômica, disse Guy Ryder, diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em seu discurso na abertura da 102ª Conferência Internacional do Trabalho, que acontece de 5 a 20 de junho, em Genebra, Ryder disse que essas questões representam desafios para alcançar o objetivo de um trabalho decente para todos.
"A questão mais importante, que todos fazem em todas as partes e com urgência crescente e, às vezes com alarme, é ‘de onde estão vindo os empregos?’ E é mais freqüentemente uma pergunta dirigida à situação dos nossos jovens”, disse o Diretor Geral da OIT.
Ryder apresentou sete iniciativas para uma "resposta prospectiva e estratégica" para a crise, como ele propõe em seu relatório para a Conferência "Rumo ao centenário da OIT: Realidades, Renovação e Compromisso Tripartite".
Uma iniciativa para melhorar a governança, disse ele, vai continuar o processo de reforma interna da OIT, que começou no ano passado. Um mecanismo de revisão de normas atualizará e melhorará a pertinência do conjunto de normas internacionais do trabalho que constituem o sistema de instrumentos sobre políticas laborais e sociais da OIT.
Ryder também expressou a necessidade de a OIT colaborar mais com as empresas.
"Uma organização que precisa se conectar melhor com a realidade das empresas e responder melhor as suas necessidades e realidades, deveria fazer esforços para colaborar com as empresas…Sinceramente, chegamos a esta tarefa muito tarde. Devemos começar a fazê-lo sem mais atrasos”, explicou.
Ele também destacou outras quatro propostas, relativas aos empregos verdes, redução da pobreza, as mulheres no trabalho e o futuro do trabalho.
Sobre a iniciativa empregos verdes, Ryder disse que a OIT deve ocupar um papel central nos esforços internacionais para garantir o futuro do planeta a longo prazo.
"Gostemos ou não, sistemas de produção e consumo são determinantes para a sustentabilidade ambiente e o mundo do trabalho terá que fazer esforços sem precedentes para conciliar o seu futuro com a do planeta", destacou.
A OIT também precisa desempenhar plenamente seu papel na erradicação da pobreza extrema no mundo até 2030, acrescentou, e para “eliminar o perigo que a pobreza constitui, em qualquer lugar, para a prosperidade de todos”.
Uma iniciativa sobre as mulheres no trabalho poderia corrigir “as dificuldades profundas e persistentes enfrentadas por muitas mulheres no mundo do trabalho. Esta é uma política social e econômica justa e necessária”.
Ryder também propôs que se estabeleça um painel consultivo sobre o futuro do trabalho que elaboraria um relatório para discussão no centenário da Conferência em 2019.
"Aqui na OIT temos o mandato, temos os interlocutores apropriados e estamos nos equipando com os meios necessários para fazer com que o mundo do trabalho seja melhor, mais humano, amável e justo, no qual todos tenham um lugar e onde todos possam ter igualdade de oportunidades para realizar seu potencial”, acrescentou.
Durante as duas semanas da Conferência, os delegados discutirão uma grande variedade de questões, incluindo emprego, o crescimento e o progresso social, o trabalho infantil doméstico, a situação em Mianmar, o emprego e a proteção social em um mundo em processo de envelhecimento, o fortalecimento do diálogo social entre governos, empregadores e trabalhadores e a promoção de empregos verdes e decentes.
Presidente da Conferência é da Jordânia
O ministro do Trabalho e Transporte da Jordânia, Nidal Katamine, foi eleito presidente da 102ª Conferência Internacional do Trabalho, que se realiza entre 5 e 20 de junho.
A Conferência elegeu como vice-presidentes Kamran Rahman (empregadores), de Bangladesh, Eulogia Familia (trabalhadores), da República Dominicana e Rytis Paulauskas (governos), da Lituânia.