MOSCOU (Notícias da OIT) – Com o desemprego estrutural ainda acima dos níveis de antes da crise nos países do G20, a OIT lançou um apelo em favor de políticas de criação de empregos mais amplas para que seja alcançado o objetivo de um crescimento econômico robusto, sustentável e equilibrado.
“Estou convencido de que se pode fazer mais. A experiência demonstra que se podem obter altos níveis de emprego e crescimento inclusivo através de uma bem elaborada combinação de políticas de apoio macroeconômico e de emprego, de políticas de mercado laboral e de proteção social planejadas para estender os benefícios do crescimento”, disse o Diretor Geral da OIT, Guy Ryder.
O dirigente da OIT falou em uma conferência de imprensa para apresentar uma atualização estatísticas elaborada pela OIT e pela OCDE antes da reunião em Moscou dos ministros de Trabalho e Emprego do G20.
Cinco anos depois da eclosão da crise financeira, o desemprego mantém-se em “níveis inaceitavelmente altos” e todos os países do G20 enfrentam grandes desafios em matéria de emprego, disse Ryder, acrescentando que o FMI voltou a revisar para baixo seu prognóstico de crescimento econômico global para 2013 e 2014. “Isto significa que nas atuais circunstâncias não podemos esperar melhoras significativas na situação do emprego, a menos que os países adotem políticas mais ambiciosas para enfrentar o déficit de postos de trabalho”, disse.
Segundo os novos dados da OIT e da OCDE, o desemprego aumentou na metade dos países do G20 e caiu somente marginalmente na outra metade. Em um contexto de uma taxa de desemprego ainda mais alta entre os jovens, sua taxa de participação nos mercados laborais também declinou, com consequências preocupantes a longo prazo.
As rápidas mudanças demográficas que estão acontecendo em muitos países começam a ter impacto nos mercados de trabalho, devido à queda de crescimento da população ativa.
A desigualdade de renda e salários é alta e aumentou em muitos países do G20. No entanto, a situação varia, com um aumento em salários e na qualidade dos empregos em muitas economias emergentes, enquanto que nas economias avançadas a tendência foi na direção contrária.
Neste contexto, Ryder sublinhou a necessidade de medidas dirigidas a fortalecer a demanda nacional nos países do G20 e reequilibrar a demanda global agregada.
Vários países do G20 já aplicaram medidas para aumentar os níveis de emprego, salários e renda, e para facilitar uma proteção social de maior qualidade para as famílias mais vulneráveis, de acordo com o relatório conjunto OIT-OCDE intitulado Desafios no emprego, o mercado laboral e a proteção social: medidas principais desde 2010.
Políticas exitosas
· Aumento do nível de investimento em infraestrutura para promover crescimento econômico e produtividade a médio e longo prazos e facilitar a criação de emprego em curto prazo. Austrália, Brasil, Canadá, Indonésia, Japão e África do Sul dedicaram importantes recursos para investimento em infraestrutura o que costuma ter um alto componente de criação de emprego.
· Melhora do nível de cobertura dos salários mínimos para enfrentar a pobreza e a desigualdade, contribuindo por sua vez para aumentar a demanda nacional. Vários países do G20 aumentaram os salários mínimos para combater a pobreza no emprego, como China, Brasil e Indonésia.
· Melhora dos mecanismos de fixação de salários, como o fortalecimento da negociação coletiva para alinhar salários e produtividade e para enfrentar a desigualdade.
· Ampliação da cobertura dos sistemas de proteção social para fortalecer as famílias, reduzir a pobreza e propiciar uma maior inclusão social. A Argentina ampliou a cobertura de subsídios para a infância e a saúde materna; o Plano Brasil sem Miséria no Brasil combina pagamentos em dinheiro, oportunidades de emprego e acesso a serviços públicos dirigido aos pobres; a Índia introduziu serviços adicionais de maternidade e ampliou os serviços de nutrição e cuidados médicos para 8,7 milhões de meninas; a Rússia ampliou o apoio à população mais velha; a África do Sul aumentou a ajuda às pessoas mais velhas, às pessoas com deficiências e às crianças.
· Adoção de programas públicos de emprego como veículo de proteção social para os mais vulneráveis. A Índia proporcionou trabalho a 40 milhões de famílias através de empregos garantidos no meio rural
· Fortalecimento dos programas de desenvolvimento de capacitação profissional e melhora da qualidade dos sistemas nacionais de educação.
· Melhora no acesso ao crédito, especialmente para as pequenas e médias empresas.
· Concessão de subsídios para a contratação de pessoas de grupos vulneráveis. Estas ajudas foram concedidas na Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, França e Estados Unidos. Em muitos países estas ajudas se dirigiram a grupos específicos, como as mulheres, os jovens e os desempregados. Os Estados Unidos concedem benefícios fiscais aos empresários que contratam veteranos de guerra com algum tipo de deficiência.
Vários países do G20 ampliaram medidas como as anunciadas em 2011 e 2012 como resposta aos contínuos problemas do mercado laboral e a um crescimento decepcionante.
O dirigente da OIT afirmou que existe margem para fazer mais. “O G20 conseguiu sua legitimidade em 2009 mediante uma ação coletiva audaz e eficaz. Estamos outra vez em um momento em que o G20 deve atuar de maneira audaz e decisiva para reverter a situação dos mercados laborais. O mundo está esperando que o G20 faça um acordo em torno de um quadro político ambicioso e coordenado que possa estimular a criação de mais e melhores empregos”, concluiu Ryder.
Veja estatísticas de emprego nos países do G20
Veja as medidas tomadas pelos países desde 2010