TST: grito de “vamos parar” não justifica demissão por justa causa de cortador de cana

A Usina de Açúcar Santa Terezinha Ltda. foi condenada a reintegrar um cortador de cana demitido por justa causa, sob a alegação de que ele havia praticado ato de insubordinação. A empresa recorreu, mas a Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu do recurso, ficando mantida a decisão da Justiça do Trabalho do Paraná que entendeu que o empregado apenas  se manifestava por melhores preços do feixe de cana, sem tumultuar o trabalho.
 
O relator, ministro José Roberto Freire Pimenta, observou que, segundo o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), a empresa agiu com rigor excessivo ao dispensar o empregado de forma motivada. O Regional esclareceu que, segundo o depoimento da testemunha da empresa, os gritos dos empregados de "vamos parar" decorreram, na verdade, de uma mobilização dos trabalhadores visando aumentar o valor do feixe de cana cortado, após não obterem êxito em suas negociações para aumento de seu valor. O incidente, contudo, não gerou tumultos ou paralisação dos trabalhos da sua turma.
 
Dessa forma, o Regional avaliou que a empresa agiu abusivamente no exercício do seu poder diretivo, ao controlar manifestações de desagrado de seus empregados com o patamar salarial, sobretudo considerando-se as circunstâncias do trabalho realizado, a céu aberto pelos trabalhadores da lavoura de cana, com pouca ou nenhuma instrução. No entendimento do TRT-PR, empresa não conseguiu justificar a demissão motivada do empregado. 
 
Diante dessas circunstâncias, o relator do recurso da usina ao TST concluiu que não se sustenta a demissão motivada do trabalhador rural por "ato de indisciplina ou de insubordinação", previsto no artigo 482, alínea "h", da CLT, como alegou a empresa.    
 
(Mário Correia/CF)
 

Processo: RR-205900-57.2007.5.09.0325