Conheci Isabel, em 1995, em uma audiência na Justiça do Trabalho. Eu, advogado iniciando minha vida profissional, e ela, advogada das extintas Lojas Arapuã. Em lados distintos, em vários processos, nos tornamos amigos e percorremos muita estrada juntos.
Foi junto com um coletivo que ela liderava, que restauramos a AMAT. Com seu espírito acolhedor, transformou seu escritório em sede da Associação e, semanalmente, nós literalmente invadíamos seu escritório para nos reunir.
Ela foi a 1ª mulher a presidir a AMAT.
Foi junto com Isabel que, em 2009, nosso coletivo realizou o maior Congresso Brasileiro de Advogados Trabalhistas e, em 2014, superamos nosso próprio recorde, onde eu e ela pudemos anunciar um show de Milton Nascimento para brindar os participantes.
Foi sob a batuta de Isabel que transformamos as pequenas delegações de Minas Gerais nos Congressos Brasil a fora na maior delegação do país, por diversas vezes. Seu jeito agregador, convidando as pessoas para viajar conosco, se tornava quase uma intimação afetuosa.
Foi junto com Isabel que nosso coletivo criou o “Minas Convida”, durante o Congresso Luso Brasileiro de Direito do Trabalho em Ouro Preto/MG, quando surgiu o “pinga break”.
Nessa construção coletiva, tendo João Carlos e depois Isabel na Presidência da Amat, Minas ocupou, diversas vezes, diretorias da ABRAT e, pela 1ª vez, a presidência da Associação Nacional.
Foi junto com Isabel que ampliamos exponencialmente a participação de advogadas e advogados Trabalhistas no Conselho da OAB.
E foi nessa caminhada com Isabel que Advocacia Trabalhistas de Minas teve seu respeito ampliado e que continua em viés de alta.
Mas isso tudo é menos importante. Importante mesmo era a essência de Isabel, que era Das Graças e era Dorado, dois sobrenomes mais apropriados impossível. Foi com ela que aprendi o conceito de abraço casa ? – não na teoria, mas na prática! Isabel era absolutamente espontânea e sincera – pouca gente no mundo dizia o que pensava como Isabel! Isabel era afetuosa e usava as palavras para engrandecer pessoas e não diminuir ninguém.
Isabel era despojada, precisava de muito pouco para viver, trabalhava como poucos.
Na minha visão, a vida de Isabel era uma corrida de obstáculos, alguns gigantes que lhe traziam riscos de vida; outros menores, mas ela vencia todos com um sorriso sempre no rosto.
Poucas vezes vi Isabel Dorado sem brilho, mas rapidamente se recuperava. Poucas vezes vi uma mãe mais dedicada aos filhos que ela.
Ontem, perdemos a presença física de Isabel, mas seu exemplo de mulher doce e guerreira, ficará conosco.
Bel – assim eu a chamava, assim também chamo minha filha Isabela, quem todos chamam de Bela e eu chamo de Bel, justamente, por causa da referência de Isabel Dorado na minha vida – muito obrigado por ter dividido esse tempo na terra contigo!
Isabel venceu um câncer e perdeu para COVID. Perdemos nós!
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Antônio Fabrício
Ex-Presidente da ABRAT, Ex-Presidente da OABMG e Conselheiro Federal da CFOAB.