OIT alerta para que observe as demandas dos jovens da América Latina e Caribe, que enfrentam panorama laboral adverso marcado pelas taxas de desemprego e informalidade

 LIMA (Notícias da OIT) – A Organização Internacional do Trabalho lançou hoje um alerta para que sejam escutadas as demandas dos jovens da América Latina e Caribe, que enfrentam um panorama laboral adverso marcado por alta taxas de desemprego e de informalidade, embora seja a geração mais numerosa e melhor preparada da história.

No Dia Internacional da Juventude, que é comemorado neste 12 de agosto, “é importante lembrar que temos uma dívida com os jovens”, disse a Diretora Regional da OIT para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco. Ressaltou que para enfrentar os problemas laborais da juventude é necessário adotar “medidas específicas orientadas a criar mais e melhores empregos”.
Tinoco destacou que “os jovens são os principais protagonistas de protestos em diversos países da região e do mundo, e costumam manifestar desta forma uma situação de desalento e frustração diante da falta de oportunidades”.
De acordo com os dados mais recentes da OIT, a taxa de desemprego juvenil chegou a 12,9%, o dobro da taxa geral e 2,8 vezes a dos adultos. A taxa de desemprego dos jovens desta região poderá continuar aumentando de forma paulatina até 13,6% em 2018.
Ao mesmo tempo, os dados disponíveis indicam que seis de cada 10 jovens que conseguem um trabalho estão confinados a empregos informais nos quais imperam condições precárias, renda baixa, falta de direitos e instabilidade.
Por outro lado, a OIT tem destacado que na América Latina e Caribe cerca de 20% de um total de 106 milhões de jovens entre 15 de 24 anos não estudam nem trabalham e constitutem uma população em situação de risco e exclusão.
“A região registrou melhorias no campo laboral mas ainda assim os problemas relacionados com o emprego juvenil não diminuem”, disse Tinoco. “É importante entender que isto tem repercussões sobre a governabilidade na medida em que são gerados questionamentos às instituições, ao estado de nossas sociedades e inclusive aos benefícios de participar de um sistema democrático”.
Tinoco disse que “não é raro que um jovem se pergunte ‘para que estudo, para que voto, para que me preparo se, de todas as maneiras, não consigo um trabalho, ou quando consigo é um trabalho precário?’”.
A Diretora da OIT destacou que pesquisas recentes realizadas por organizações da ONU nos países da região destacaram o emprego como uma das preocupações fundamentais dos jovens, junto com a educação, que está estreitamente vinculadas às oportunidades no mercado laboral.
 
A OIT tem mostrado que o problema do desemprego e da qualidade do emprego juvenil, que está presente em todas as regiões do mundo, deve ser enfrentado através de estratégias especificamente destinadas a melhorar as oportunidades laborais deste grupo da população.
 
Um dos principais aspectos tem a ver com a articulação entre educação e formação para o trabalho, de maneira que os jovens possam iniciar sua vida laboral capacitados para realizar tarefas que têm demanda real de mão de obra.
 
Também foi salientado que os países devem considerar estratégias multidimensionais que abarquem a complexidade do problema, incluindo políticas ativas do mercado de trabalho, programas especiais para o início da vida laboral, estímulos para a contratação de jovens, apoio concreto para as iniciativas de empreendimento juvenil, simplificação de trâmites para trabalhar e medidas destinadas a facilitar a transição escola-trabalho.
 
A OIT além disso enfatizou a importância de intercâmbio de experiências exitosas entre os países e de apoiar as iniciativas de emprego juvenil com diálogo social que inclua a participação do governo e de organizações de empregadores e de trabalhadores.
 
“O início da vida laboral é fundamental para o futuro das pessoas. A falta de emprego ou um emprego muito precário pode contribuir para perpetuar os ciclos de pobreza”, destacou Tinoco.