Terminou com acordo a audiência de conciliação entre o Sindicato das Empresas e dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Cuiabá e Várzea Grande

 Terminou com acordo a audiência de conciliação entre o Sindicato das Empresas e dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano de Cuiabá e Várzea Grande realizada na tarde desta quarta-feira (29). Após quase três horas de intensas negociações e mediação da Justiça do Trabalho, os representantes das empresas e dos empregados chegaram a um entendimento no tocante à remuneração da categoria.

 
O acordo põe fim à greve vigente desde a 0h de segunda-feira (27), com o retorno imediato dos trabalhadores às atividades e normalização da circulação da frota de ônibus na região metropolitana da capital. O sindicato das empresas se comprometeu a não fazer o corte de ponto dos empregados que participaram do movimento paredista nem daqueles que estavam no comando da greve.
 
O sindicado dos trabalhadores aceitou a proposta de aumento de 11,4% para motoristas, cobradores e fiscais e 10% para os demais empregados do setor de transportes. Motoristas que dirigem ônibus que não contam com a presença de cobradores receberão bonificação no valor de 220 reais, divididas em duas parcelas iguais, sendo a primeira já integralizada à remuneração e a segunda vigente a partir de 1ª de setembro deste ano.
 
Com o reajuste, o piso dos motoristas passa para R$ 1.680,00 (podendo alcançar R$ 1.900,00 com a bonificação), dos cobradores para R$ 1.037,00 e dos fiscais para R$ 1.080,00.
 
Justiça do Trabalho mediou diretamente as negociações. Na foto, discussão com sindicato das empresas
O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Coletivo (STETTCR), Ledevino da Conceição, elogiou a categoria pelo movimento e afirmou estar satisfeito com o acordo. “Conseguimos, no dia de hoje, um avanço muito grande nas negociações e chegamos próximo ao desejado pela categoria”, disse, acrescentando que a remuneração total acordada com as empresas é o maior patamar da categoria no país.
 
O sindicalista elogiou o papel da Justiça Trabalhista na intermediação das discussões. Para Ledevino foi uma atuação excepcional que possibilitou o entendimento entre as classes e, por consequência, o fim da greve. “A categoria saiu contente com a atuação da Justiça do Trabalho pelas ponderações, pela aproximação das partes. Tivermos muita sorte por contar com a mediação do desembargador Edson Bueno”, destacou.
 
“Foi necessário um grande esforço de todo o sistema para conseguir chegar ao acordo, mas é importante o trabalhador estar contente no seu ambiente de trabalho. É isso o que queremos e vai ser bom para todo mundo”, salientou, por sua vez, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano do Estado, Rômulo Botelho, ao final das discussões realizadas no TRT de Mato Grosso.
 
O vice-presidente do Tribunal, desembargador Edson Bueno, responsável pala condução das negociações ao longo da tarde, destacou o papel da justiça para o fim da greve. “A conciliação é sempre a melhor forma de solução de qualquer conflito porque representa a vontade das duas partes. Nem sempre é o que todos queriam, mas é aquilo que foi possível neste momento. Fico muito feliz por ter contribuído com o resultado dessa negociação”, disse.
 
Longas negociações
 
A audiência começou às 14h com o sindicato patronal propondo reajuste com base no INPC, no montante de 7,16%, mais bonificação aos motoristas que atuam sem cobradores, pagas de forma escalonada, variando de R$ 71,75 a 172,20 reais. A proposta era a mesma que já constava na Ação de Dissídio Coletivo de Greve, que tramita na Justiça do Trabalho desde a última sexta (24).
 
 
O sindicato dos trabalhadores, por sua vez, reafirmou o desejo de se chegar ao salário de 2 mil reais para os motoristas, mas aceitando flexibilizar a maneira como se alcançaria este valor, podendo ser ele composto de outros benefícios, como o ticket alimentação, por exemplo. A maior reclamação era a de que eles estavam assumindo novas funções com a saída dos cobradores. O sindicato pedia ainda 20% de reajuste para cobradores e 15% para fiscais.
 
Após a intervenção do desembargador-mediador de que a proposta patronal não poderia ser menor do que a já apresentada a ele (10%) em reunião anterior quando o sindicato das empresas solicitou a antecipação da audiência, as negociações voltaram a ser realizadas. Com ajuda do procurador-chefe do Trabalho em Mato Grosso, Thiago Gurjão, conseguiu-se estabelecer valores intermediários, discutidos e ajustados pelas duas categorias.
 
Definido os termos, um fato inusitado ocorreu no plenário do TRT mato-grossense. Trabalhadores se reuniram para deliberar, em assembleia, no próprio auditório onde ocorreram as negociações, o acordo. Outra curiosidade foi também a presença de estudantes durante a audiência pedindo o fim da greve.
 
(Processo PJe 0000116-88.2013.5.23.0000)