Relatório da OIT sustenta que o impacto a longo prazo da crise de emprego juvenil poderá ser sentido durante décadas

 LIMA (Notícias da OIT) – A Organização Internacional do Trabalho lançou hoje um apelo para enfrentar o desafio do emprego juvenil na América Latina e Caribe ao destacar que a taxa de desocupação para as pessoas entre 15 e 24 anos continua alta e poderá piorar nos próximos cinco anos.

“O emprego juvenil requer medidas deliberadas para gerar mais e melhores postos de trabalho”, advertiu a Diretora Regional da OIT para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco, ao comentar os números mais recentes da Organização que situam a taxa de desocupação dos jovens em 12,9 por cento, equivalente a 2,8 vezes à dos adultos.

O relatório sobre Tendência Mundiais do Emprego Juvenil 2013, divulgado na sede da OIT em Genebra, destacou que esta taxa regional representa um avanço importante, pois em 2003 chegava a 17,6%. Mas ao mesmo tempo alertou esperar que este indicador “aumentará em médio prazo”.
 
O relatório diz que, se for mantida a situação atual, a taxa de desemprego juvenil na América Latina e Caribe subiria de maneira paulatina até 13,6% em 2018.
 
As mulheres jovens são mais afetadas pela falta de oportunidades de trabalho. Os dados disponíveis registram em 2012 uma diferença de quase 5 pontos entre a taxa dos homens jovens, de 10,9%, e das mulheres jovens, de 15,9%. Esta diferença aumentaria até 2018 quando a taxa dos homens chegaria a 11,3%, diante de 17% das mulheres.
 
“Estamos diante de um problema de caráter estrutural que não vai melhor por si só, e por isso é necessário responder com medidas específicas destinadas a melhorar as oportunidades com que contam os cerca de 106 milhões de jovens que vivem em nossa região”, destacou Tinoco.
 
A OIT propôs a necessidade de contar com estratégias que enfrentam a complexidade deste fenômeno, incluindo uma combinação de políticas ativas do mercado de trabalho, medidas para melhorar a educação e a formação laboral de modo que respondam melhor às exigências das vagas disponíveis, e programas especiais que apoiem o início da vida laboral, a transição entre escola e trabalho, bem como iniciativas de empreendimento juvenil.
 
O relatório Tendências Mundiais de Emprego Juvenil 2013 destacou que o problema do desemprego afeta cerca de 75 milhões de jovens em todo o mundo. A taxa global de desemprego juvenil é estimada em 12,4% e se estima que poderá continuar aumentando ligeiramente nos próximos cinco anos até atingir 12,8% em 2018.
 
Ao comentar a situação da América Latina e Caribe, o relatório diz que “o forte crescimento econômico nesta região produziu melhoras na situação social e laboral, mas tudo parece indicar que os jovens não foram os mais beneficiados”.
 
O relatório de 2013 enfatiza a necessidade de enfrentar os desajustes que existem entre a educação e o mercado de trabalho, com um apelo para que sejam postas em prática estratégias que permitam avançar rumo a uma formação que responda melhor às vagas disponíveis, com uma visão prospectiva sobre as oportunidades de emprego que poderiam abrir-se no futuro.
 
O estudo também enfatiza a situação dos jovens que não estudam nem trabalham e destaca que na América Latina e Caribe a situação é tão preocupante como a de uma alta taxa de desemprego, pois até 19,8% estão nesta situação “que os coloca em risco de exclusão social e laboral”.
 
Segundo os dados da OIT, a maior parte dos jovens (51,7%) que não estudam nem trabalham na região disseram ocupar-se de tarefas domésticas, 23,1% disseram estar sem emprego e 25,2% disseram que não têm atividades por outros motivos.
 
“Este é um fenômeno preocupante causado pelo desalento diante da falta de oportunidades, que tem um potencial desestabilizador para nossas sociedades”, disse Tinoco.