Surdez tem sido desafio na vida da trabalhadora, mas não foi barreira para que ela tivesse acesso à Justiça e garantisse seus direitos em um processo
A surdez tem sido um desafio na vida de uma moradora de Várzea Grande, mas não foi barreira para que ela tivesse acesso à Justiça e garantisse seus direitos em um processo concluído semana passada na 2ª Vara do Trabalho instalada na cidade.
 
Informada da deficiência da trabalhadora por sua advogada durante a realização da primeira audiência, a Justiça do Trabalho determinou a nomeação de intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
 
Na audiência de instrução, realizada quinta-feira (4), a desavença entre a trabalhadora, que prestou serviço como operadora de produção da BRF em Várzea Grande, e o frigorífico chegou ao fim após os dois lados se entenderem. 
 
Conduzida pela juíza Thaise Ivantes, a audiência contou com a participação da intérprete Isaura Cristina Maciel, do Instituto de Cultura Surda de Cuiabá. Graças ao conhecimento técnico da profissional, todos os presentes tiveram acesso ao conteúdo do depoimento da trabalhadora, bem como permitiu que esta compreendesse o que estava sendo dito pela empresa e pela magistrada.
 
O resultado foi um acordo judicial entre as partes, com a reversão da justa causa que havia sido aplicada à trabalhadora. Esse era o principal pedido da ex-operadora de produção, inconformada com a forma como foi demitida após quatro anos de vínculo com o frigorífico.
 
Conforme esclarecido durante a audiência, um problema na comunicação entre empregador e empregada foi a causa da demissão se dar dessa forma: a trabalhadora apresentou um atestado médico, período em que deixou de comparecer ao serviço. No entanto, o documento não foi aceito pela empresa e, diante das ausências da operadora, demitiu-a por abandono de emprego.
 
Ao final da audiência, as discordâncias foram superadas e a ação trabalhista, iniciada há cerca de três meses, foi encerrada.

Processo PJe 0000788-32.2014.5.23.0107