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Organização das Nações Unidas, como forma de reconhecimento ao inesgotável trabalho voluntário e humanitário desenvolvido pela Madre Teresa de Calcutá, instituiu, em 2012, o dia Internacional da Caridade como sendo 05 de setembro, data da morte da missionária em 1997.
 
Madre Teresa, justamente homenageada, fez muito mais do que caridade (favor, benefício, esmola, compaixão. Dicionário Aurélio), ela construiu uma obra missionária que transformou vidas, modificou estórias e salvou milhares de vidas.
 
Mas, praticar a caridade, a bondade e, num conceito mais abrangente, o voluntariado, não necessita o peso de uma grande obra, abnegação ou entrega da existência por uma causa ou pela vida dos outros.
 
Na exposição de motivos da Resolução nº 67/105 da ONU, o conceito de caridade está intimamente vinculado a promoção do diálogo, a solidariedade e ao esforço individual por uma compreensão mútua.
 
É possível exercitar a caridade e praticar o voluntariado no dia a dia de uma vida agitada, repleta de compromissos, trabalho, família e amigos.
 
Aquele pouco que pode não parecer sempre fará a diferença.
 
Doar um pouco de nós, do nosso tempo, das nossas vidas, assumindo uma postura voluntária (aquele se encarrega de uma incumbência à qual não estava obrigado) em relação às pequenas necessidades dos outros seres humanos nos transforma em agentes de solidariedade e promotores do diálogo.
 
Doar o material (roupas, alimentos, dinheiro) transforma a vida de pessoas. Desde aquelas ações simples de separar as roupas que não usamos e colocar nas caixas disponíveis nos nossos locais de trabalho até a de autorizar um débito em conta mensal para ajudar alguma instituição ou obra social, contribui de uma forma que não imaginamos para mudar a realidade de outras pessoas.
 
Doar o tempo para abraços, atenção, risadas, brincadeiras e ensinamentos, junto aos idosos e crianças, doentes e necessitados, transforma as nossas vidas, já que deles recebemos o retorno, o aprendizado e as alegrias e dores compartilhadas. Aqui firmamos o compromisso da troca e, claro, passamos a exigir mais de nós mesmos.
 
Mas, as vezes, não conseguimos doar o material nem o tempo. Não conseguimos ser voluntários em um projeto ou praticar caridade com persistência. Achamos que nossa ação não fará a diferença, que não é nossa a obrigação, que nada temos com os outros. Mesmo quando achamos, muitas vezes, não encontramos a forma, o caminho, o prazer em fazer.
 

Quanto a incerteza nos imobiliza, quando duvidamos da nossa capacidade transformadora, podemos buscar a palavra e a sabedoria da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 1979: “não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.” Simples assim. Ser voluntário. Exercer a caridade. Fazer a diferença.