Em comunicado distribuído nesta terça-feira, o Grupo Navistar, detentor da fábrica de motores da marca MWM e caminhões da marca International, comunicou a decisão de encerrar, em fevereiro de 2016, as atividades da sua unidade de Canoas.

 

No local, operam plantas de caminhões, montagem de motores e distribuição de peças. Conforme o Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, o fechamento irá ocasionar a demissão de cerca de 600 trabalhadores da indústria, um dos setores mais afetados pela crise econômica que afeta o Brasil.

As outras duas fábricas da Navistar no Mercosul, uma em São Paulo e outra na Argentina, devem continuar operando. Em Canoas, segundo o sindicato, a produção de caminhões já foi encerrada e 74 funcionários foram desligados na semana passada. As demissões na área de distribuição de peças devem ocorrer até dezembro. A última seção a ficar inoperante será a de montagem de motores.

A MWM tinha um contrato, até 2018, de fornecimento para a General Motors (GM), que rompeu o acordo em meados de 2015. A MWM foi à Justiça para tentar manter o contrato em vigor até a data final, mas um acerto determinou que o fornecimento prosseguiria até fevereiro de 2016.

— Quando a GM rompeu o contrato com eles (MWM), já foi aberta a negociação com o sindicato. Conseguimos com a empresa que a rescisão garanta o pagamento extra de dois salários e meio para cada trabalhador, além da manutenção do plano de saúde por seis meses e liberação dos valores pagos para o plano de previdência privada, inclusive as parcelas do empregador — relata Paulo Chitolina, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas.

"A unidade de Canoas concentra a montagem dos motores diesel 2,8L, que se encerrará em fevereiro de 2016. O término da produção destes motores, específicos dessa linha de montagem, foi devidamente informado aos colaboradores da MWM em junho de 2015 sendo, desde então, o processo de finalização negociado com total transparência entre as partes e cumprindo com todos os requisitos legais", diz o comunicado da empresa. A situção da indústria é considerada preocupante em Canoas.

— Vamos fechar o ano com 2 mil demissões, contando aquelas que passaram pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas. É quase 20% da categoria — diz Chitolina.

Segundo a empresa, a crise no Brasil refletiu fortemente no mercado de caminhões. Neste ano, as vendas de caminhões retraíram 45% em relação à 2014, que por sua vez já havia sofrido queda de 11% comparada com 2013.

Como consequência, o segmento acumula elevados estoques, levando os fabricantes de caminhões a tomarem ações para contornar esta situação, reduzindo o ritmo de atividade de suas fábricas. Dentre outras ações, as empresas do setor implementaram redução de jornada de trabalho, férias coletivas, licenças remuneradas, suspensão temporária de trabalho e produção e, por fim, ajustes de quadro de mão de obra.

Fonte: CLICRBS